Em setembro de 1938, aquando da viagem do presidente português António Óscar Fragoso Carmona a São
Tomé e Príncipe e a Angola que, trazendo na comitiva presidencial o ministro das Colónias, Francisco Vieira
Machado, foi inaugurado na cidade de Luanda a Maternidade Maria do Carmo Vieira Machado.
O projeto ficou mais conhecido como Maternidade Indígena e teve duas versões:
- A primeira versão data de abril de 1937, que
não chegou a ser executado.
- A segunda versão, que corresponde ao que foi
construído, data de junho de 1937 e levou
aproximadamente mais de um ano para ser
concluído.
- Inicialmente foi dedicado à assistência às
Crianças Indígenas da província de Luanda.
- As maquetas destes projetos estão atualmente
no Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa.
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Após a independência, foi baptizada de “Maternidade Lucrécia
Paim”, em homenagem à heroína angolana, guerrilheira da luta
armada, que combateu na guerra para a independência de Angola.
Localizada no coração da Cidade de Luanda, a Maternidade era
referenciada como o maior centro de atendimento ao público
materno-infantil, tanto para Luanda, quanto para as demais
províncias. Contava com uma equipa de 300 funcionários,
prestando serviços de consultas, tratamento de patologias
obstétrica e ginecológicas, puerpérios fisiológico e patológico,
cirurgias obstétricas, sala de partos, bloco operatório.
Inicialmente os serviços estavam divididos em 3 edifícios, sede pioneira (casa branca), pavilhão (antiga
tisiologia) e o edifício central, composto por 9 pisos com capacidade instalada de 50 camas.
O primeiro Director da Maternidade Lucrécia Paim foi o Militar Silvério Gerim Paim.
Após a sua gestão tiveram o privilégio de dirigir a Maternidade vários médicos Dra. Cristina Odeth
Antunes de Sá, Dra. Madalena Nogueira, Dra. Maria da Fátima Madeira Rita, Dra. Paulo Adão de
Campos, Dr. José Bastos dos Santos, Dra. Judith Josefina Q. Ferreira, Dr. Domingos Mpembele, Dr.
Abreu Pecamena Tondesso e Adelaide de Carvalho.
Em 2018, foi nomeada como Directora Geral da Maternidade Lucrécia Paim, a Profª Dra Maria Manuela
de Jesus Mendes.
A Maternidade iniciou obras de reabilitação e ampliação em Junho de 2004, com objectivo de optimizar
sua estrutura física, possibilitando melhorar a qualidade e dignidade no atendimento aos utentes e
adequá-la para a vertente académica e de pesquisa.
As obras de reabilitação duraram 36 meses, a Maternidade Lucrécia Paim passou a contar com
capacidade para 100 partos por dia. Atende, em média, entre 200 a 250 pacientes por
dia nas urgências, além de pacientes que buscam a Maternidade para todos os tipos de
tratamento referentes a saúde da mulher e do recém-nascido.
Actualmente a Maternidade Lucrécia Paim dispõe de 500 leitos para internamentos, oferece uma gama
completa de serviços, em todos os níveis de atendimento à mulher e ao recém-nascido. É considerado
um hospital terciário e recebe os casos mais complexos, que não podem ser tratados em outras
unidades hospitalares.
Pioneira no desenvolvimento de técnicas e métodos de tratamento ginecológicos e obstétricos no país,
a Maternidade Lucrécia Paim foi ampliada para inovar a trazer cada vez mais benefícios à saúde a
mulher, do casal e da criança.
Em conjunto com a Universidade Agostinho Neto, os primeiros cursos de pós-graduação em
ginecologia e obstetrícia deram início na Maternidade-Escola Lucrécia Paim, em julho de 2005.
Para participarem nos cursos de especialidade, os candidatos têm que ser licenciados em medicina,
estarem inscritos na Ordem dos Médicos de Angola, terem prestado serviço de dois anos em unidades
sanitárias periféricas e possuírem uma boa informação sobre o seu local de trabalho.
Em 2014, dá início aos preparativos para implementação de técnicas do tratamento clínico e cirúrgico
para a infertilidade. Também articula junto ao congresso nacional para a liberação da lei que regimenta
a reprodução humana assistida no país.
Em 2019 a Maternidade Lucrécia Paim inaugurou o primeiro Banco de Leite Humano do país, com
capacidade de armazenar cem litros de leite por mês. Conta com equipamentos de tecnologia
avançada para processar, pasteurizar e fazer o controlo de qualidade do leite para as crianças
necessitadas. O Banco de Leite conta com 25 especialistas na área, que vão atender as necessidades
alimentares de crianças prematuras, nascidas de mães seropositivas ou cujas mães encontram-se
internadas em Terapia Intensiva.
Saiba sobre os Pioneiros da Ginecologia e Obstetrícia em Angola